Tico-Tico

No cenário Tico-Tico, a lógica em voga é o desenvolvimentismo econômico. Ao estimular o consumo como a principal força social agregadora, o Estado consegue promover uma sensação de melhoria no dia a dia das pessoas, mas havendo grandes impactos sociais e ambientais. O resultado é a fragmentação das agendas e da atuação dos movimentos sociais e dos atores políticos e sociais. Há um descontentamento com o serviço público ofertado, que não é capaz de garantir a pauta da qualidade dos direitos. O Estado tem presença, principalmente com a manutenção das políticas sociais compensatórias, e busca a universalização do direito à educação. Contudo, faz isso com baixa vontade política para enfrentar as desigualdades estruturais, o que reproduz padrões desiguais de qualidade. Ele também tem o papel de expandir o acesso e – quando muito – avaliar a educação, porém não consegue ser regulador e tampouco garantir o essencial. Predomina a concepção de escola formal, posta na legislação, com quase nenhuma inovação. A preocupação primordial é a inserção no mercado de trabalho. Há pouca motivação da juventude em relação à concepção educacional em voga, que não sofre grandes alterações. A escola busca ser para todos, mas a qualidade é para poucos. Existe inclusão precária de alguns e exclusão de outros. É uma educação massificada e pouco eficaz, que tenta considerar as diversidades, porém de forma periférica. Existe um aumento da violência, uma influência religiosa conservadora e um questionamento da educação laica. Há, também, uma gestão com ênfase em resultados, combinada com uma institucionalidade participativa, mas com baixa efetividade nas tomadas de decisão. A relação público-privada se estabelece como parceria na oferta de matrículas, na cultura da gestão e venda/oferta de soluções como sistemas de ensino, serviços, livros didáticos e oferta de tecnologias sociais, porém enfrenta resistências. As contradições e impasses nesse cenário dificultam a concretização das mudanças necessárias para que as políticas educacionais continuem avançando.

O tico-tico é o símbolo desse cenário. Ele é abundante em regiões de clima temperado e também em cumes altos expostos a ventos frios e fortes. Vive em casais isolados e o macho ataca tico-ticos vizinhos que invadam seu território. Tem uma técnica de esgravatar alimento no solo por meio de pequenos pulos, “ciscando sem sair do lugar”. Pula até quatro vezes consecutivas sem alterar a posição das pernas e esgravata o chão com ambas as patas sincronizadamente, jogando para trás o material impeditivo.