Com base em uma metodologia inovadora, já utilizada internacionalmente na abordagem de realidades e questões complexas, as oficinas dos cenários para a Educação Básica brasileira reuniram um grupo de 41 pessoas vinculadas a diferentes instituições públicas e privadas, organizações, redes e movimentos da sociedade civil. Outras 30 pessoas foram entrevistadas e contribuíram com vários insumos para o processo. A quase totalidade do grupo é de pessoas com trajetórias de vida marcadamente dedicadas à educação brasileira.

Tendo como base o direito à educação, o diálogo entre perspectivas diferentes – e muitas vezes conflitantes – não teve explicitamente como objetivo final a construção negociada de um pacto ou de uma agenda de ação comum entre os participantes. Muito ao contrário, o desenvolvimento dos Cenários para a Educação Básica se constituiu em um espaço de encontro e de escuta ativa que não pretendeu em nenhum momento amortecer ou esvaziar conflitos e diferenças.

O processo também partiu do entendimento de que as instâncias públicas de participação e controle social, conquistadas pela sociedade brasileira, como as Conferências Nacionais de Educação, constituem-se nos espaços legítimos para a disputa, a negociação e a construção de uma agenda que influencie efetivamente as políticas educacionais. É dessas instâncias e processos públicos, amplos e democráticos, que deve resultar a agenda que efetivamente paute os rumos da política educacional brasileira, na perspectiva da garantia do direito humano à educação de todas e todos.

Os cenários não são previsões ou desejos. Eles expressam possibilidades, desafios, alertas e riscos para a educação brasileira. Eles não apresentam somente uma visão de futuro. Na verdade, os quatro cenários apresentados nesta publicação estão entre nós há muito tempo. São “velhos conhecidos”, constituindo-se em perspectivas em disputa na complexa e desigual realidade educacional brasileira, cada um deles com maior ou menor força conforme o contexto político.